Representação concreta de como minha mente funciona com todas as minhas cobranças.
Ui, meus amigos, quanto tempo não apareço por aqui. Sinto até que perdi a habilidade de botar pra fora o que estou sentindo aqui dentro. Talvez eu tenha até mesmo perdido a habilidade de me aprofundar em todas as questões que passam aqui na minha cabeça, quem dirá saber decifrá-las e compartilhá-las com o mundo. Mas eu estava com saudades de escrever, de me conectar com vocês. E, se tem a vontade, é porque tem assunto…
Fiquei remexendo meus pensamentos, quase como se estivesse me analisando pra escrever a lista de pautas que levo quinzenalmente pra minha psicóloga - eu e minha mania de controle sobre tudo. Esse texto esteve perto de virar mais uma das inúmeras crônicas de jornalistas que reclamam sobre a falta de pauta.
Mas, foi pensando sobre o que queria escrever aqui - e talvez depois de algumas sessões de terapia - que percebi que muitas das minhas problemáticas são permeadas pela minha autocobrança. Eu tenho apenas 23 anos e vivo me cobrando como se todas minhas escolhas representassem a última oportunidade da minha vida.
Sempre fui muito responsável, cresci numa família que sempre prezou pelo que é justo, por boas maneiras, boa educação, boas notas na escola, e até mesmo boas aparências (assunto para outra newsletter, quando eu quiser alfinetar minha família, amo vocês, beijos). Durante toda minha vida - que, sim, ainda é bem curta - nunca fiz muitas loucuras. Não fui um adolescente rebelde, nunca sumi pelo mundo sem dar satisfação, nunca quebrei combinados. Sempre tentei andar bem na linha.
Não me levem a mal, ser assim me trouxe grandes benefícios, como construir uma relação bem tranquila e transparente com meus pais, o que prezo muito. Mas, ao mesmo tempo, sinto que deixei de viver várias coisas simplesmente por ter medo de encarar o mundo e as consequências das minhas escolhas. Sinto que não me aventurei o suficiente, que não me joguei nas experiências como eu queria ter me jogado, porque sempre tinha uma versão de mim, rabugento, preocupado, me cobrando responsabilidades para além do que deveria.
E, mais uma vez, tenho apenas 23 anos, sei que ainda posso viver tudo isso. Explorar novos lugares, novos jeitos de ser, novos estilos, gostos, pessoas. Mas parece que, a cada ano que passa, vai ficando mais difícil de me descolar desse Marcelo ultra responsável. Parece que, mesmo querendo quebrar esse ciclo, vou cada vez mais me solidificando nessa forma quadrada. Mais uma vez, o medo vai me estagnando.
Preciso quebrar essa barreira e essa vontade de ser o filho perfeito, o neto perfeito, o sobrinho perfeito, o primo exemplo, quebrar com esse desejo de corresponder a todas as expectativas que os outros têm sobre mim. Sei que muito dessa minha cobrança disfarçada de responsabilidade vem da inspiração que tenho em pessoas mais velhas e como suas vidas funcionam - ou parecem funcionar -, mas, se eu não der uma abaixada nas exigências que tenho sobre tudo que sou e que faço, vou acabar pirando antes de chegar nos 30 anos. Universo, me ajude, preciso dar uma relaxada e me permitir viver um dia de cada vez sem pensar tanto nas consequências pro meu futuro.
GIF: Xinanimodelacra
Meu anjo, já que você chegou até aqui, aproveita e compartilha essa newsletter com um amigo que pode gostar das groselhas que eu falo aqui. Pesquisas comprovam que esse é o melhor método de divulgar o trabalho do coleguinha. É só clicar nesse botãozinho aqui embaixo, olha!